Sete dias após mais uma greve expressiva que paralisou as escolas, vivemos um momento que exige reflexão e responsabilização.
Durante este período, o Ministro da Educação, Fernando Alexandre, referiu-se à greve como “um direito”, como se dependesse da sua aprovação para determinar a legalidade de um movimento desta natureza. Minimizou os seus impactos, declarando que “apenas 6% das escolas encerraram” devido à greve convocada pelo ‘STOP’ e que os problemas dizem respeito, sobretudo, ao pessoal não docente, fugindo assim à sua responsabilidade governativa.
Decorridos sete dias, coligimos números, analisámos dados e correlacionámos as ocorrências nas escolas de todo o país. O cenário, infelizmente, está longe de ser tranquilizador.
Houve graves atropelos ao direito à greve: coação sobre trabalhadores, ameaças explícitas, alterações nos mapas de tarefas à última hora para substituir grevistas, disseminação de boatos para denegrir a imagem do sindicato organizador e outros episódios que nos chegaram através do formulário criado para esta iniciativa de luta.
Como pode o senhor ministro ignorar, com tamanha leviandade, estas ocorrências? Como pode descrever a paralisação como “residual” quando um levantamento nacional revela um número significativo de escolas encerradas ou com funcionamento condicionado?
Que tipo de governante descarta responsabilidades, atribuindo-as a outros sectores, e ignora que os diretores das escolas públicas – que, em muitos casos, limitaram a amplitude da greve – estão sob a sua tutela? Não é aceitável que se permita esta amputação do direito à greve, muito menos que se desvalorize o impacto que o protesto teve, envolvendo não só o pessoal não docente, mas também muitos professores que aderiram à luta pelos seus direitos.
Já todos percebemos: sempre que os problemas nas escolas são visíveis e insustentáveis, a responsabilidade nunca parece ser de quem tem o dever de os resolver. É hora de mudar este padrão.
Porque afinal, para o senhor ministro “a culpa nunca é do Galo”.
Muito obrigado a todos os professores e Assistentes Operacionais que não desistiram de lutar pelos seus direitos e que participaram nesta plataforma de luta digital. Porque afinal, sem resistência não há futuro.

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