COMUNICADO S.O.S. Escola Pública –
Inúmeros são os comunicados que S.O.S. Escola Pública emitiu referindo que as medidas previstas pelo Sr. Ministro Fernando Alexandre e a sua equipa ministerial eram muito insuficientes: os aposentados não salvariam a Escola Pública, bem como o não fariam os investigadores, técnicos superiores, os docentes destacados ou jovens professores que continuam a preferir outras profissões após um primeiro contacto com a escola.
O raio-x da escola nunca foi tão claro na triagem das suas patologias: milhares de professores deveriam ter progredido na carreira em setembro e continuam estagnados – graças às obsoletas plataformas que não têm a capacidade de cruzar dados (algo que parece tão simples). As plataformas não são problema único: tampouco vimos nas escolas o rácio de assistentes técnicos para apoiar administrativamente a inserção dos dados que poderiam agilizar esta situação, encontrando-se as Direções das escolas diariamente a braços com discussões com os docentes que exigem essa progressão que é merecida e justa. Se consultarmos o link http://www.metaprof.pt/relatorio_inquerito/, constataremos o insatisfeitos que estão os professores com a recuperação do tempo de serviço que, afinal de contas, ainda é uma miragem. De resto, os professores já estão a preparar ferramentas para identificarem o real cenário da Escola Pública por si mesmos (sem estudos milionários que delapidam o orçamento para a Educação) e sem terem que estar à mercê de conclusões ilusórias de terceiros. Temos professores envelhecidos e desmotivados, embrulhados em horas extraordinárias, apesar de deverem estar a beneficiar de redução horária pela idade; doentes, muitos deles desrespeitados pelas Direções no seu direito à aplicação da Medicina do Trabalho. Temos escolas profundamente letárgicas, adormecidas na burocracia e na indisciplina, sem mãos a medir para todo o trabalho que têm. Os professores rapidamente acordarão para a realidade das suas duras vidas pessoais e reformas miseráveis. Os assistentes operacionais estão revoltados, pois acreditavam que regressariam à alçada do Ministério da Educação e ali continuam, à sombra da municipalização, sabendo que mais dia, menos dia, serão chamados para jardinagem, limpeza da autarquia ou limpeza urbana, entre outras tarefas, percorrendo concelhos. Adivinham que, nesse dia, deixarão de ter a possibilidade de exercer as suas funções enquanto auxiliares da ação educativa, que é o que sempre pretenderam. Sabemos que esta engendrada municipalização continua em marcha, embora as palavras “delicodoces” tentem embalar tudo o que envolve os Profissionais da Educação.
No passado, queixávamo-nos de um ministro cujo nome nos recusamos pronunciar, mas o panorama atual em nada difere: reuniões de negociação marcadas de mês a mês, sem grandes detalhes prévios: 21 de outubro (reunião inicial); 12 de dezembro (protocolo negocial); 13 de janeiro (recrutamento/ ingresso/ mobilidades).
A 24 de abril passado (véspera dos 50 anos de abril), S.O.S. Escola Pública enviou ao Sr. Ministro da Educação, Ciência e Inovação, bem como ao Primeiro-Ministro e ao Presidente da República, uma carta aberta, na qual solicitava que se olhasse para os colegas (ainda) com faltas injustificadas e com processos disciplinares de vária natureza. Pois bem, recebeu no dia 7 de maio um ofício do gabinete do Sr. Primeiro-Ministro, dizendo que o mesmo fora reencaminhado para o gabinete do Sr. Ministro da Educação, Ciência e Inovação. Continuamos com jogadas de “ping-pong” para ver quem cansa o pescoço mais rapidamente e desiste e isto nada tem de verdadeiro, honesto ou comprometimento. Não leva à pacificação, mas antes ao desalento e à desolação, à revolta.
Hoje, ouvimos o Sr. Ministro alegar que só será possível colmatar a falta de professores trazendo mais [professores] para a profissão e, neste encalce, perguntamos: quais? Os que partiram e não pretendem voltar ou os que não há? É que, em seguida, alega que é preciso formar mais professores e sabia antecipadamente que as vagas abertas nas instituições superiores são ínfimas perante o cenário. É como se alguém quisesse extinguir um fogo na Amazónia com um balde de água. Refere-se aos professores jovens num tom de mito sebastiânico, desconhecendo que aqueles com que nos cruzamos hoje na sala de professores tencionam estar por ali temporariamente. Vemos todos os dias o fosso que colegas sem requisitos para lecionar cria na sociedade. Um dos nossos lemas “Conhecimento é poder” é bem conhecido pelos nossos sucessivos governos e é por isso que sabemos que o compromisso é para com o desconhecimento. Um povo desconhecedor é um povo silenciado, o maior inimigo da democracia e da liberdade.
Soubemos de um novo estudo, desta feita, realizado pela Edulog, que traça um cenário ainda mais negro no panorama da Educação do que aquele que vivemos hoje, apresentando um grande destaque para a falta de professores e não ouvimos soar os alarmes. Conhecemos bem o plano: destruir a Escola Pública e incrementar o privado! Pois bem, deixamos a nossa garantia de que não desistiremos, não baixaremos os braços!
Não aprendemos nada com a História, o panorama atual de polarização em que os movimentos extremistas estão em crescendo, a desinformação que manieta a sociedade, que apresenta graves níveis de desinteresse, pode conduzir-nos, como no passado, a tempos tenebrosos. Vemos líderes políticos alheios à realidade que os rodeia que não comunicam e sabemos que os professores (com formação específica) são agentes de paz, de diálogo, e ainda assim não agimos e não investimos.
S.O.S. Escola Pública continuará a lutar, engrossando as fileiras da luta, ao lado dos seus pares, em prol de uma Educação de qualidade.
S.O.S. Escola Pública
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